Descendentes de escravizados e escravistas jantam onde antepassados viveram
O passado não muda, mas o futuro está em nossas mãos. Foi com esse modo de pensar que Nkrumah Steward, de 44 anos, viajou os mais de 1100 quilômetros que separam Canton, Michigan (EUA), até Hopkins, na Carolina do Sul. Junto com ele, além de sua esposa, pais e filhos, viajou uma história que dura 181 anos.
Interessado por sua genealogia desde criança, ele nunca entendia por que um de seus antepassados era branco, sendo toda sua familia negra. Tudo começa em 1835 quando Joel Robert Adams tem uma filha chamada Louise com uma das mulheres que ele escravizava, Sarah Jones. “Louisa teve Octavia. Octavia teve James. James teve meu avô JD e JD teve minha mãe Linda”, conta ele à ABC News.
Assim, Nkrumah não viajou apenas para conhecer o lugar onde seus antepassados viveram, mas para conhecer um parente distante, Robert Adams, atual proprietário da fazenda.
“Isto não era sobre o passado”, disse Nkrumah Steward sobre a experiência. “Isto não era sobre, ‘vamos tentar consertar as coisas que não podemos mudar nunca’. Foi sobre, ‘Meu nome é Nkrumah Steward’, e ‘Meu nome é Robert Adams, prazer em conhecê-lo, primo. Vamos nos conhecer. ‘”
Quando postou as fotos do encontro em seu Facebook, ele teve uma resposta que afirma ter sido “99,9% esmagadoramente positiva, mas tem havido um pouco de raiva de ambos os lados, de pessoas pequenas, que não entendem por que eu fui”, disse ele. “Eles me vêm sorrindo com o meu primo, e dizem: ‘Você esqueceu todas as coisas que aconteceram naquela fazenda?”.
Robert Adams acredita que as novas gerações estão assimilando melhor os fatos passados: “Todo mundo entende que essa história ocorreu. As pessoas agora estão muito mais interessadas em conhecer uma a outra. E eu acho que isso é uma coisa saudável. É sempre bom para conhecer nova família que você não conhecia, e esta é uma história tão interessante que foi um encontro bem marcante.”
Ninguém deve ser esquecido, nunca. A vida de todos tem um significado. A minha história afeta quem eu sou hoje e eu nunca quero esquecer, e eu não quero que meus filhos esqueçam os nomes de seus antepassados e como viviam.” – Nkrumah Steward