Conheça a nadadora refugiada de 18 anos que salvou mais de dez em fuga da Síria
Era uma noite de agosto de 2015, no Mar Mediterrâneo, quando um grupo de vinte pessoas fugia da guerra da Síria em um pequeno bote inflável, saindo da Turquia rumo à ilha de Lesbos, na Grécia. As malas já haviam ficado pelo caminho. A embarcação pesada não avançava. Lá estava Yusra Mardini e sua irmã Sarah. E um destino que seria trágico foi salvo graças ao esporte que elas praticaram desde a infância.
“Eu não tinha medo de morrer. Eu sei nadar. Sabia que não aconteceria nada comigo nem com minha irmã. Só que nosso barco estava perto de virar e eu, minha irmã e mais dois rapazes pulamos e passamos a empurrar o barco com ondas grandes e 20 pessoas dentro para chegar à ilha. A natação salvou a minha vida e a de outras pessoas também”, contou Yusra em entrevista ao site esportivo GloboEsporte.com, no início do ano.
Foram três horas e meia nadando rumo à costa grega. “Sou grata por ser uma nadadora e não me perdoaria se não conseguisse salvar essas pessoas, já que na Síria cheguei a trabalhar como salva-vidas em uma piscina”, afirma. Saindo da Grécia ela foi para a Alemanha, onde seria convidada a voltar a treinar o esporte que já não praticava há muito tempo, por conta da guerra.
Sua história e seu empenho motivaram o Comitê Olímpico Internacional a convidá-la para integrar a primeira delegação de refugiados da história. Na sexta-feira (05), ela e os demais atletas refugiados foram ovacionados no Maracanã, durante a cerimônia de abertura da Rio 2016.
No sábado (06), ela mergulhou para nadar os 100 metros borboleta, e até venceu a bateria dela, mas terminou na 41ª posição. Na próxima quarta-feira (10), 13h02min, ela volta a mergulhar no Rio de Janeiro, nos 100 metros livre, sabendo que independente do que aconteça, graças à natação, ela já alcançou a maior vitória de sua vida. Quando a guerra acabar, Yusra pretende voltar à Síria com experiência para ensinar o que sabe.
Não quero que as pessoas desistam dos seus sonhos. Quero que todos façam aquilo o que sentem no coração, mesmo que seja impossível”.
Confira uma entrevista dela por ela à Agência de Refugiados da ONU, pouco antes de embarcar para o Brasil: